O Futebol é algo mágico, encantador e faz parte da vida daqueles que apreciam esse esporte. Na minha vida começou no início da década de 1980 e até hoje continua movendo grande parte das minhas emoções. Ontem, meio que por acaso, pois precisei levar meu filho para um compromisso de estudos no Hospital Albert Einstein, me dei conta que estava há poucos metros do icônico estádio Cícero Pompeu de Toledo, o Morumbi.
Tentei às pressas comprar pela internet o Tour que permite a visitação ao interior do estádio, mas para o horário o qual eu tinha disponibilidade já não havia mais ingressos, ainda sim resolvi ir até a bilheteria para quem sabe, poder comprar pessoalmente. Fui muito bem recebido por um senhor que de forma bem humorada perguntou a um companheiro ao seu lado: "olha ele não comprou ingresso pela internet... o que fazemos com ele agora?, e ele mesmo respondeu: "Não há problemas, seja bem vindo ao estádio do Morumbi". Um pouco mais engraçado foi na sequencia quando ele perguntou seu eu torcia para o São Paulo. Diante da minha resposta negativa ele mais uma vez, muito gentil disse que não havia qualquer problema, a pergunta tinha o objetivo de me oferecer uma camisa do clube.
Enquanto aguardava o início da visita guiada, me lembrei das vezes que havia estado naquele local, e das grandes multidões das quais fui mais um a gritar, vibrar e chorar. Em 1992 assisti as duas partidas da final do Campeonato Paulista. Naquela ocasião vi o São Paulo vencer o Palmeiras e ficar com o título. Nos dois jogos mais de cento e dez mil pessoas lotavam aquelas arquibancadas.
No ano seguinte, em 1993, voltei com meu amigo e "irmão de alma" Michel Simão, (que é corintiano e tivemos que assistir o jogo separados, apenas nos encontrando no término, para assistir o primeiro jogo da final do Paulista onde o centro avante Viola fez o gol para o rival e imitou o porco. A raiva que tive naquele dia foi indescritível, mas passou uma semana depois.
No dia 19 de dezembro de 1993, ao lado de dois grandes Palmeirenses (Sr. Miguel e Alessandro) tive a honra de assistir uma final de campeonato Brasileiro entre Palmeiras x Vitória onde o alvi-verde venceu por 2 x 0 com gols de Evair e Edmundo para um público de quase noventa mil pessoas. Uma festa maravilhosa, que marcou a vida de muitos que lá estavam, inclusive a minha.
O tempo passa, oportunidades da vida nos criam caminhos diversos, a paixão pelo futebol não mudou, mas a distância e os compromissos da vida sim e até então eu não mais havia pisado nesse templo do futebol.
Meus pensamentos foram interrompidos quando o Henrique, responsável por conduzir o grupo de visitantes nos convidou para iniciar o tour. Obviamente que a maioria dos visitantes são torcedores do São Paulo e a forma como apreciavam cada detalhe era bem diferente da minha, algo naturalmente compreensível. Quando acessamos as arquibancadas, ótimas recordações foram lembradas, momentos que nos tornamos testemunhas oculares da história.
Ao acessarmos o gramado, enquanto torcedores tiravam inúmeras fotos ao lado do escudo de seu time do coração eu apenas observava o "tapete verde". Um gramado extremamente bem cuidado e ao olhar de forma panorâmica refleti sobre quantas histórias foram marcadas naquele local, quantos sonhos, alegrias, tristezas, vitórias e derrotas... acima de tudo HISTÓRIAS REAIS de multidões.
Ao encerrar a visita fui até uma cafeteria localizada no próprio estádio e na hora de pagar o delicioso café com pão de queijo que eu havia saboreado, perguntei para atendente, chamada Cris, se ela trocaria uma nota de R$ 50,00. Muito simpática ela respondeu que sim e disse que após jogos do São Paulo é mais fácil ter dinheiro trocado, nos demais dias os meios eletrônicos de pagamento são mais utilizados. Nesse momento comentei que havia estado lá há 28 anos e naquela ocasião, não havia com tanta facilidade eletrônica que temos hoje. Curiosamente ela disse: "Nossa, eu tenho vinte e oito anos...".
Nesse momento, outras reflexões surgiram e a principal é que o tempo passando mais rápido do que podemos calcular e que não devemos esperar tanto para fazer aquilo que desejamos. O Morumbi, palco de grandes jogos, foi e continuará sendo um grande templo do futebol paulista, brasileiro e mundial. Novas histórias são escritas a cada dia, a cada jogo a cada ano. Que sejam histórias onde o maior vencedor seja a vida e o esporte.
por Robson Navarro Diniz agosto de 2022.
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